sexta-feira, 10 de maio de 2013

Ecclesia Gnóstica I - O Evangelho Pistis Sophia

Para a Igreja Gnóstica da FRA, bem como para outros interessados, Mestre Huiracocha escreveu ,em 1931, o excelente livro "A Igreja Gnóstica", que consitui o texto básico onde devemos iniciar nossas pesquisas sobre a Ecclesia Gnóstica em geral e a Gnosis em particular. 

Neste post, vamos comentar sobre a origem e estrutura do Evangelho chamado PISTIS SOPHIA, que é para nossa Ecclesia, um Livro Sagrado, tomando por base o Livro do Mestre, bem como outros comentários por Frater Basilides R+

Conforme informa nosso Mestre, o Pistis Sophia "Trata-se de do livro máximo de todas as Doutrinas Gnósticas, publicado em latim no ano de 1851, por Schwartze e Petermann, de acordo com um código do Museu de Londres (British  Museum), chamado Askeniano, cuja antiguidade remonta ao sécuo III, ainda que alguns achem provável o século V. (Opus Gnosticum Valentino adjudicatum est Codice manuscrito Coptico Londinensi descripsit et latine vertit M.G. Schwartze)

O original grego desta obra, que serviu de base nos primeiros séculos, não pode ser encontrado. Só se tem o texto Saídico, que é uma tradução para o copta, do manuscrito primitivo. Quanto ao papiro copta, foi encontrado  no Egito, sem que nada pudesse testemunhar se o original grego foi composto, também, nessa localidade. Entretanto, todos os críticos concordam em que a obra provém de algumas das múltiplas escolas ou sociedades gnósticas primitivas, acreditando-se, mais ainda, que pertenceria aos ofitas".

Façamos aqui uma pausa no texto do Mestre para infrormar que nos dias de hoje, os estudiosos tendem a confirmar a informação dada por Schwartze (também Mead e MacDermont), de que o texto poderia pertencer especificamente à Escola Valentiniana ou mesmo ter sido composto pelo próprio Valentino. 

Continua o Mestre: "Divide-se em 148 capítulos e em quatro grandes partes ou livros. O primeiro e o quarto não levam títulos, enquanto o segundo intitula-se :'Segundo Livro da Pistis Sophia'. Apresenta, também, um rótulo no final que diz: 'Parte dos Volumes do Senhor'. Este mesmo rótulo volta a aparecer no final do terceiro livrro que, contudo, aparece sem cabeçalho".

O estudioso brasileiro Raul Branco, que é teósofo, em seu exelente livro Pistis Sophia - Os Mistérios de Jesus, Editora Bertrand Brasil, mostra um outro ponto de vista sobre o número de livros: "O texto propriamente dito está dividido em seis 'livros'. A estória da Pistis Sophia inicia-se no capítulo 30 do 'primeiro livro' e termina no capítulo 82 do 'segundo livro'. A partir deste ponto os ensinamentos de Jesus são apresentados na forma de diálogos com seus discípulos, destacando-se Maria Madalena, claramente o discípulo mais avançado do grupo....O material, quando foi encontrado, não tinha título aparente e ficou conhecido como Códice Askew, nome do primeiro proprietário ocidental, que o deu a conhecer ao mundo. O título Pistis Sophia foi sugerido para o documento pelo fato de o 'segundo livro' começar com o seguinte título: 'O Segundo Livro de Pistis Sophia.' Outro título é apresentado em outra parte do documento: 'Uma parte dos Livros do Salvador', que figura na página final do 'segundo livro' e também na última página do 'terceiro livro'. Os livros quatro, cinco e seis não apresentam nenhum título; no caso do último, talvez pelo fato de as quatro folhas finais do manuscrito estarem faltando, justamente aquelas onde, muitas vezes, se encontram os títulos das obras coptas". 





Tendo analisado as traduções em alemão existentes da Pistis Sophia, constatamos que a edição feita por Carl Schmidt, KOPTISCH-GNOSTICHE SCHRIFTEN - DIE PISTIS SOPHIA - DIE BEIDEN BÜCHER DES JEÚ -LIPZIG - 1905, que como vemos também possui os Livros de Jeú, o texto da Pistis Sophia é dividido apenas em capítulos, não fazendo referências a "livros", sendo essa uma divisão adotada por G.R.S. Mead, junto com capítulos. Temos certeza que a edição lida pelo Mestre foi essa, que é considerada a melhor tradução deste evangelho, tendo em vista que traz, entre parênteses, palavras chaves em grego, onde se pode trabalhar as chaves numerológicas do texto, o que não é possível em uma tradução, sem referências. Assim, a divisão em quatro livros, feita por Krumm-Heller, não está errada, apenas ao distribuir os assuntos por capítulos, tendo por base os títulos das partes que eram conhecidos, optou por quatro e não seis partes. 


Continua nosso querido Mestre: "Esta falta de homogeneidade é que faz  com que alguns críticos suponham que a Pistis Sophia não foi composta de acordo com uma estrutura unitária e que a maior parte dos seus escritos sejam de épocas diferentes. Por isso o Quarto Livro é mais antigo que os outros. 

Isso é uma chave muito importante. Alguns estudiosos têm encontrado uma coerência maior no texto quando iniciam a leitura do Pistis Sophia pelo "Quarto Livro" (divisão de Krumm-Heller), que fala sobre  a sorte das Almas no além morte.

Continua o Mestre, iniciando sua descrição da obra: "Ao escrever-se esta obra, supõe-se que hajam transcorridos onze anos desde a ressurreição de Jesus e se descreve conservando com seus discípulos no Monte das Oliveiras, dando-lhes a conhecer as grandes e supremas verdades iniciáticas. Com a vestimenta de Luz que o rodeava, pode atravessar o mundo supre-sensível e, remontando-se de esfera em esfera, foram-lhe franqueadas todas as portas, atemorizando os próprios Arcontes ou Gurdiões daqueles lugares, que o adoraram".

"Jesus chega ao plano onde estão os Arcontes ou Senhores Tiranos, cujo príncipe é Adamas. Eles vêm a ser os donos do destino (Lipikas ou Senhores do Carma do Teósofos). Mas, Jesus, provido do habitual heroísmo, chega ao 13º Eon, onde se encontrava estacionada primitivamente a Pistis Sophia...Em relação a isto, confia a seus discípulos a história deste ser misterioso que, pretendendo chegar à região da Luz Suprema, atravessando os doze Eones, sai de sua morada limitada pelo 13º Eon e, ao acender em seu vôo, é atirada pelos mesmos Arconte na imensidão do Caos".

Tal era a triste situação da Pistis, até que o Pai lhe enviou Jesus como Libertador ...Jesus, então, apela a Gabriel e Miguel, para que a levem em suas mãos com a finalidade de que nenhuma de suas partes se perca nas trevas, transladando-a, assim, do Caos para um lugar que se encontra abaixo do 13º Eon. Por fim, depois de uma cruenta luta, Jesus despoja os Arcontes de sua Luz e a Pistis Sophia é conduzida ao Lugar Sagrado, onde mora, desde então, com todos os seus irmãos invisíveis...

Todo este Mito é dado em detalhes, como dito anteriormente, entre o capítulo 30 e 82. Raul Branco, em seu citado livro nos informa: " Por que Jesus nos transmite ensinamentos tão profundos através de um Mito? Obviamente porque esta é a forma tradicional mais apropriada para ministrar este tipo de ensinamento transformador....Isto parece indicar que por trás do mito há sempre uma importante experiência interior...A realidade, no entanto, apresenta-se hierarquizada e consiste de diferentes níveis. Os mitologemas procuram expressar diferentes níveis da realidade simultaneamente...No decorrer do relato, é apresentado um glorioso cenário que nos permite vislumbrar o processo de manifestação, com a descida do Espírito até o ponto mais baixo da materialidade quando, então, se torna possível a viagem de retorno, ou seja a volta da alma às origens, a Fonte ùnica, o Pai. "

Continua o Mestre: "Na história de Pistis Sophia, o relato se interrompe repetidas vezes com o recitativo de vários hinos que ela fazia chegar do Caos à Luz. Estes são 13 e cada vez que Jesus recita um deles aos seus discípulos, convida-os a dar sua explicação. 

Para dar uma noção destes cânticos, sumarizamos abaixo cada um dos Arrependimentos de Sophia: (tirado do Livro "Mistérios Gnósticos da Pistis Sophia - Considerações sobre o Livro I da Pistis Sophia "de J. van Rijckenborgh - Editora Rosacruz, do Lectorium Rosicruciano.)

  1. No Primeiro Cântico, a Pistis Sophia descobre a dialética e o estado de condenação da humanidade. Entoa o Cântico da Humanidade.
  2. No Segundo Cântico, A Pistis Sophia descobre sua própria condição natural. Ela entoa o Cântico da Consciência.
  3. Nessa base, a Pistis Sophia entoa o Cântico da Humildade diante da única Luz Verdadeira. 
  4. Segue-se, então, o Cântico da Demolição: o eu é levado à sepultura. 
  5. O Cântico da Rendição é a fase seguinte: A Pistis Sophia faz a entrega total de si mesma. 
  6. Nesta base é entoado o Cântico da Confiança. Ela implora pela Luz com fé absoluta.
  7. No Sétimo Cântico de Arrependimento, a Pistis Sophia entoa o Cântico da Decisão. É a ascensão ou a queda.
  8. Em seguida começa a perseguição. Os Eons da netureza atacam a Pistis Sophia de maneira vigorosa, e ela entoa o Cântico da Perseguição.
  9. Depois de entoar o Cântico da Ruptura, a Pistis Sophia se livra de modo definitivo de seus perseguidores.
  10. A seguir a Pistis Sophia entoa o Cântico do Atendimento da Oração. E pela primeira vez, ela vê a Luz das Luzes.
  11. A força da fé é submetida, então, a uma prova final. A Pistis Sophia entoa o Cântico da Prova de Fé.
  12. Em décimo segundo lugar, a Pistis Sophia vicencia a Grande Prova que podemos comparar à tentação no deserto.Ela entoa o Cântico da Grande Prova.
  13. Por fim a Pistis Sophia canta o décimo terceiro Cântico de arrependimento, o Cântico da Vitória: a alma eleva-se, reconhece o Espírito e vai ao seu encontro, ao seu Pimandro. 
Pode assim, o buscador, perceber que estes cânticos constituem um detalhado "Caminho de Iniciação Gnóstica", dado neste Sagrado Livro de nossa Sagrada Ecclesia.

Continua o Mestre Huiracocha: "Com frequência falam as santas mulheres, Maria ou Salomé. Outras vezes, algum apóstolo, como André, Pedro, Mateus ou Felipe, os quais interpretam os hinos da Pistis, adicionando algum salmo de Davi ou Salomão. 

É uma característica dos gnósticos coptas não procurar outra autoridade para confirmar seus escritos a não ser as Sagradas Escrituras; e se algum sincretismo se observa neles, é mais na forma do que nas idéias.

Depois, este livro, trata da sorte que espera as Almas além da morte, revelando-nos o que acontecerá a cada uma das diferentes categorias de homens; as alegrias e privilégios que aguardam uns, o os tormentos e penas que afligirão a outros. Seu tema principal é, pois, a redenção das almas...

Na primeira parte, ocupa-se da sorte das almas privilegiadas, isto é, dos apóstolos, das santas mulheres e dos perfeitos ou iniciados, que haviam renunciado à materia e aos cuidados dente mundo.

Na segunda, revela o destino reservado às outras almas, especialmente às que se arrependem de seus pecados. Depois, vem uma outra parte, em que trata dos MISTÉRIOS e de sua eficácia. Finalmente chega-se àquela em que se descrevem os tormentos dos condenados...

Veremos, mais tarde, que o principal são os MISTÉRIOS e que tudo o mais gira em seu redor. 

No 'Quarto Livro', fala-se da ressurreição de Jesus, de quem se diz que venceu os Arcontes do Destino e da Fatalidade cuja sombra nefasta deixará de pesar , daí em diante, sobre os homens...Aqui Jesus relata a seus discípulos as façanhas destes Arcontes, filho de Adamas, os quais, persistindo em seu afã de procriar, deram origem aos Arcanjos, Anjos, Litirgos e Decanos, até que interveio Jeú, a quem Jesus chamava PAI DE MEU PAI. Jabraoth Adamas e os seus se obstinaram em seu pecado; por isso se prendeu à Esfera onde atualmente foram parte do Zodíaco, vindo estes a ser os Arcontes do Destino, os quais tiranizam os homens cujos passos a astrologia trata ee investigar.

Continua, ainda, a descrição do modo torturante como os Arcontes penetram nos homens e os incitam ao mal, atraindo sobre eles terríveis castigos e perdição absoluta

Até aqui, eis o quanto se pensa profanamente e se percebe dos ensinamentos deste livro sagrado sobre o qual historiadores e investigadores não podem se aprofundar por falta de chaves. 

Terminamos aqui este post, refletindo sobre a origem e estrutura deste maravilhoso evangelho, base dos ensinamentos da Ecclesia Gnóstica da FRA, sendo que  "Nesta Obra sagrada estão condensados todos os nossos Rituais", como diz Krumm-Heller em seu importante livro.

O Grupo de Estudos Krumm-Heller, que vê na Ecclesia Gnóstica o coroamento dos trabalhos da FRA, preserva os ensinamentos deixados pelo Mestre Huiracocha, estudando seu livro sobre a Igreja Gnóstica, aliado ao estudo do Pistis Sophia, estando e m andamento um projeto de tradução deste evangelho com as chaves numerológicas devidamente explicadas, bem como uma tradução dos Livros de Jeú, inédita em português, pois,  este incrível livro gnóstico nos proporciona não só as chaves mântricas para ultrapassar cada Eon, como também as chaves dos símbolos destes Eons. 

Tendo por base as edições alemães do princípio do século XX, temos a certeza de estarmos em sintonia  com a tradição Gnóstica legada por nosso Mestre Huiracocha, porque, sem dúvida foram nelas que ele buscou e alcançou sua iniciação. 

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Grupo de Estudos Krumm-Heller - RJ


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